O ano de 2023 começou com notícias positivas para região Norte Fluminense. Quando o assunto é emprego, o ano que passou fechou com saldo positivo de 4.427 empregos gerados em Campos, 8.793 postos em Macaé e 2.789 em São João da Barra, tudo isso contando apenas os empregos formais. Destaca-se que Macaé abriga a estrutura de extração e produção de petróleo, São João da Barra tem o Porto do Açu e o município de Campos tem se transformado num polo de atividades de Serviços, dos mais de 4 mil postos de trabalho cerca de 3 mil são dos Serviços. Nesse sentido, algumas notícias são importantes para se compreender o ano de 2022 com números positivos e mais, elas geram um questionamento sobre as perspectivas para a economia regional nos próximos anos.
Pode-se dizer que as atividades relacionadas ao petróleo e porto são importantes para compreender esse cenário positivo. Segundo relatório divulgado pela Petrobras, 2022 foi o ano recorde de produção diária média de barris de petróleo, foram produzidos em tono de 3,021 milhões de barris por dia e 138 milhões de m³ de gás, parte dessa produção se deve a abertura de novos poços na Bacia de Campos, o que consequentemente reverbera no volume de receitas petrolíferas recebidas pelos municípios da região, em 2022 as prefeituras de Campos e Macaé fecharam o orçamento com R$ 3bi e R$ 4 bilhões respectivamente. Se por um lado o petróleo aumentou a produção, por outro, o Porto expandiu suas operações, em 2021 foi inaugurada e primeira usina termelétrica no Açu, a GNA I, em 2022 o joint venture que controla a usina recebeu R$ 2,4 bilhões do BNDES para a construção da segunda unidade. Há também a expectativa do início das licitações para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), na área do Distrito Industrial de São João da Barra, fazendo o Porto expandir sua capacidade de armazenamento, construindo galpões para abrigar Cobre e outro para abrigar fertilizantes e outros insumos agrícolas, sendo o primeiro já concluído.
Entre o Petróleo e o Porto fica o município de Campos, por aqui há um movimento para aproveitar a ampliação e o aquecimento das atividades petrolíferas e portuárias. Nessa semana dois eventos importantes ocorreram em Campos, um promovido pelo Porto em conjunto com o Sebrae, o outro, uma reunião exclusiva à empresários do Conselho Empresarial da Firjan no Norte Fluminense com a Prefeitura de Campos. A primeira, tinha como objetivo promover a participação das empresas de Campos na cadeia de fornecimento de insumos para o Porto, já a segunda tratou de discutir as melhorias de infraestrutura possível para o munícipio em virtude das operações no Porto.
Em suma, os debates sobre o futuro da região estão sendo feitos atrelados às dinâmicas petrolíferas e portuárias, uma das características principais do neoextrativismo é exatamente moldar as regiões onde se situam a extração e/ou a exportação dos produtos em prol de facilitar o envio das commodities para o exterior , nesse processo entra o reordenamento urbano, os efeitos ambientais e a alteração nas estruturas econômicas dos municípios. No caso da região cabe destacar os setores participam dos debates, empresários e poder público, mas onde está a comunidade? Faltam os quilombolas, os pescadores, os assentados, os trabalhadores urbanos nesse debate, ou seja, aqueles que serão atingidos quando a primeira crise vier. Será que não é possível debater com esses atores outras alternativas à região?
Guilherme Vasconcelos Pereira
Fonte:
https://blogdojosealvesneto.blogspot.com/2023/02/setor-de-servicos-criou-em-2022-quase.html?m=1
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