Digo perdeu no sentido futurístico da palavra, vendo que o ato desairado do presidente pode acabar ocupando o poder durante 30 anos tomando decisões catastróficas. Pra quem ainda não percebeu, estou a falar sobre Cristiano Zanin Martins, ex-advogado pessoal de Lula. Inexpressivo academicamente, apesar de brilhante advogado na defesa do presidente, já mostrou a que veio nas primeiras decisões como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). E não parece ser nada bom.
Vocês conseguem se lembrar do estardalhaço que a direita fez contra Alexandre de Moraes (por achá-lo conservador demais), mesmo com toda sua carreira acadêmica sólida? Pois bem. Ganhamos de Lula um ministro que realmente merece as alcunhas que antes empregavam contra o "Xandão".
Zanin é um exemplo da aristocracia paulistana. Cercado de amigos multimilionários que ostentam Ferraris e vinhos de R$ 15 mil, o advogado tem se mostrado mais reacionário até mesmo que as escolhas feitas pelo último ocupante do Planalto.
Em menos de duas semanas, Zanin conseguiu errar em TODOS os votos, minando a ingenuidade de alguns que achavam que ele só estava se posicionando de maneira conservadora num tema ou outro. Em diversos votos ele esteve sempre do lado errado.
Na última, infelizmente, com seu voto de minerva, deu-se poder de polícia a guardas municipais que, a princípio, deveriam cuidar apenas de trânsito urbano. Mas não só: a lista é longa, e teremos 30 anos pra muitas decepções e lástimas.
Vi um colonista da Jovem Pan tratando Zanin como "Justus" do STF, elogiando toda sua pompa e elegância. Me veio na hora o sentimento de "bela, recatada e do lar", alcunha dada pela revista Veja a Marcela Temer. Vindo da Veja e da esposa do “vampires”, nada a se espantar. Mas dessa vez esse tipo de elogio surgiu supostamente graças a um governante de esquerda, o que é um deboche misturado com um acinte.
Mas o que estar por vir durante as próximas décadas?
Bom, a depender do aristocrata posto lá por Lula, teremos um ministro pior do que Kassio Nunes, que foi indicado pelo centro fisiológico, mais precisamente pelo Arthur Lira.
Querem um bom exemplo? O "Justus" do STF foi o ÚNICO a não equiparar injuria LGBTfóbica à injuria racial. Até o “terrivelmente evangélico” se sentiu impelido a votar contra e preferiu se dizer suspeito. Mas o digníssimo ex-advogado do Lula não teve o mesmo peito que teve ao encarar os tribunais pra defender Lula. Zanin não pensou duas vezes: injúria racial, segundo o digníssimo, não se assemelha a injúria LGBTfóbica.
Imagine agora esse senhor votando os direitos reprodutivos das mulheres ao aborto? Ou os direitos dos povos originários, que ele já votou contra em uma oportunidade e ninguém tem dúvida que votará contra também às demarcações pós 1988, como defendem os latifundiários e grileiros. A pergunta é: a quem interessa esse perfil aristocrata no STF?
A mim não é, nem às esquerdas ou aos movimentos sociais. Lembrando que dos 6 ministros que negaram habeas-corpus ao Lula em 2016, cinco foram indicados pelo PT. Já não bastassem escolher errado, escolhem os mesmos: brancos, ricos e reacionários. O STF é um órgão muito importante pra ser deixado em segundo plano. Hoje a população LGBTQIAP+ tem quase todos os direitos garantidos no Brasil, mas graças aos ministros do STF, isso deveria deixar evidente a importância de não errar nessas indicações. Por mais Silvio Almeida e menos Zanin no STF.
Cecília Fiaux
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