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E se o setorial de Negros e Negras do PSoL fosse ocupado por pessoas brancas, o de mulheres, por homens, e o LGBTQIAPN+, por héteros cis? O que você, militante e eleitor do partido, acharia?

Por que, então, a cadeira de “interiorização” do diretório estadual é sempre ocupada por pessoas da região metropolitana do Rio de Janeiro?

O simples fato disso ser naturalizado ao ponto de a discussão sequer existir dentro do partido revela o atraso no enfrentamento à desigualdade centro-periferia que caracteriza a lógica de exploração do Capital, e que no Rio de Janeiro ganha contornos especialmente dramáticos em virtude de uma história singular.

A fusão dos estados do Rio e da Guanabara (1975), realizada após quatro séculos, nunca foi assimilada culturalmente pelos cariocas, que continuam de costas para o interior com os olhos voltados para o mundo, buscando resistir enquanto capital cultural do Brasil, já que o posto de capital política foi perdido para Brasília.  

No início de 2024, repetiremos o mesmo ritual de sempre: representantes dos diretórios do interior do Rio serão convidados de última hora a participar de uma reunião na Lapa com os dirigentes do partido, que farão a mesma promessa: “agora será diferente”. 

Mas, como sempre, nada mudará nos anos seguintes. 

Os militantes do interior seguirão abandonados à própria sorte no enfrentamento do coronelismo e do conservadorismo brutal das pequenas e médias cidades, alheios às decisões do partido, excluídos do fundo partidário e presas fáceis nas disputas fratricidas entre as correntes que, no interior, se tornam ainda mais desleais. 

E o ciclo do eterno retorno se completará três anos depois, quando receberemos pedidos de assinatura de tese no WhatsApp e baterão nas nossas portas na véspera da eleição de delegados estaduais para pedir votos para suas correntes antes de desaparecerem por mais três anos. 

Enquanto isso, continuaremos a ver todos os dias militantes se aproximando e desistindo do PSoL, enquanto os poucos que resistem perdem as esperanças, cansados de uma dinâmica perversa, que nunca será rompida a não ser que ao óbvio seja dito: a construção do socialismo no interior é tarefa das pessoas do interior. 

Da mesma forma que a luta antirracista só pode ser liderada por negros e negras, a feminista, pelas mulheres e a luta LGBTQIAPN+ pelas pessoas LGBTQIAPN+, só quem vive na pele determinada realidade de opressão e desigualdade consegue compreendê-la de fato. 

Assim como brancos antirracistas são aliados de negros e negras, homens antimachistas são aliados das mulheres e pessoas hétero cis podem ser aliadas na luta das pessoas LGBTQIAPN+., militantes da capital são aliados importantes na luta pela construção do socialismo no interior, mas se continuarem atuando dessa forma o termo “interiorização” seguirá sendo uma palavra vazia, utilizada oportunisticamente a cada três anos por grupos políticos localizados na capital, onde está concentrado o Capital.

Por se tratar de uma questão estrutural, manifestação concreta da luta de classes, nós do Núcleo José do Patrocínio, organização que nasceu e cresceu dedicada à construção do PSoL no interior do estado do Rio de Janeiro, não esperamos nenhum grande avanço nesse processo eleitoral; mas também não podemos deixar de reivindicar alguma conquista concreta em relação à dita “interiorização”. Chega de conversa fiada. 

O que propomos é simples.

Que a próxima gestão do diretório se comprometa a financiar durante todo o mandato o aluguel da primeira sede regional do partido a ser instalada em algum município localizado a, pelo menos, 100 quilômetros da região metropolitana, sendo escolhido democraticamente pelas bases e não entre quatro paredes. 

O sucesso do 1º Congresso do Interior do PSoL, organizado em Campos dos Goytacazes em 2022 por militantes independentes com recursos próprios, sem o apoio da burocracia estadual, mostrou que temos força para lutar (clique para saber como foi). 

Os únicos parlamentares do partido que prestigiaram o evento foram a então deputada estadual Mônica Francsico e o deputado federal Glauber Braga, não por acaso, natural do município de Nova Friburgo, localizado no interior, na Região Serrana. 

O Núcleo José do Patrocínio decidiu, então, somar forças com Glauber, Mônica e diferentes forças no Campo Socialista, por enxergar nessa frente de luta o único espaço comprometido de fato com a construção do partido no interior a partir de suas bases. 

Por isso, votamos e convidamos você a votar na Tese 6 - Por um partido socialista e enraizado nas lutas populares na eleição estadual do 8 Congresso Nacional do PSoL. Clique para ler!  

Militantes do PSoL do interior do Rio, uni-vos!

Campos dos Goytacazes-RJ, 21 de agosto de 2023

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